domingo, 12 de junho de 2011

Domínio do Movimento - Lában



Ontem, iniciei a leitura do livro “Domínio do Movimento”, autoria de Rudolf Lában (edição organizada por Lisa Ullmann) e tradução de Ana Maria Barros. Destaquei alguns trechos que acredito ser importante compartilhar com artístas e não-artístas interessados no estudo do movimento, além de constituir um referencial teórico essencial para a pesquisa que estou desenvolvendo:

SOBRE O AUTOR:

RUDOLF Laban nasceu na Bratislava, então pertencente à Hungria, em 1879.
Por não aceitar o vazio existente nas peças de teatro e dança dessa época, trouxe para seu trabalho o resultado das próprias paixões e lutas interiores e sociais, representadas por personagens simbólicas ou estados de espírito puros, vividos através do movimento, utilizado de maneira mais espontânea e sempre como resultado consciente da união corpo-espírito.
Criou vários centros de pesquisa buscando o retorno aos movimentos naturais na sua espontaneidade e riqueza, e na plena vivência consciente de cada um deles, a acarretar um desenvolvimento amplo e profundo em quem o pratica. Certo de que o movimento humano é sempre constituído dos mesmos elementos, seja na arte, no trabalho, na vida cotidiana, empreendeu um estudo exaustivo sobre estes elementos constitutivos e sua utilização, dando ênfase tanto à parte fisiológica, quanto à parte psíquica que levam o homem a se movimentar.
Desenvolveu uma notação de movimento capaz de registrar qualquer um de seus tipos, a "Kinetography Laban", conhecida nos EUA como Labanotatíon.
Bailarino, autor de várias coreografias famosas, renovador da dança e de seu enfoque teatral, com grupos profissionais de onde saíram os mais importantes nomes da dança expressiva européia, diretor de movimento da Ópera Estadual de Berlim e outras, dirigiu seu trabalho principalmente para a dança, como meio de educação.

TRECHOS DESTACADOS:

"O HOMEM se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade. Com sua movimentação, tem por objetivo atingir algo que lhe é valioso. É fácil perceber o objetivo do movimento de uma pessoa, se é dirigido para algum
objeto tangível. Entretanto, há também valores intangíveis que inspiram movimentos." (P. 19)

"O movimento, portanto, revela evidentemente muitas coisas diferentes. É o resultado, ou da busca de um objeto dotado de vaior, ou de uma condição mental. Suas formas e ritmos mostram a atitude da pessoa que se move numa determinada situação. Pode tanto caracterizar um estado de espírito e uma reação, como atributos mais constantes da personalidade. O movimento pode ser influenciado pelo meio ambiente do ser que Se rnove." (P. 20)

"O movimento, em dança pura, não necessita adaptar-se aos caracteres, às ações, às épocas e às situações, mas o faz na dança-mímica que, virtualmente, uma ação sem palavras, embora muitas vezes apoiada num fundo musical (...) Nesta, o impulso interior para o movimento cria seus próprios padrões de estilo e de busca de valores intangíveis e basicamente indescritíveis.
A arte do movimento no palco incorpora a totalidade das expressões corporais, incluindo o falar, a representação, a mímica, a dança e mesmo um  acompanhamento musical." (P. 23)

"Há mais coisas sob o manto da cooperação audiência-atores do que o divertimento proporcionado pela contemplação da miséria e da loucura humanas, um dos olhos rindo, o outro chorando. O teatro espelha mais do que nosso cotidiano de sofrimentos e alegrias." (P. 25)

"O teatro dá um ‘insight’ na oficina na qual o poder de reflexão e de ação do
homem é gerado. Esse "insight" proporciona mais do que uma compreensão mais rica da vida: oferece a experiência inspiradora de uma realidade que transcende a nossa, feita de medos e satisfações. O que realmente acontece no teatro não se dá apenas no palco ou na platéia, mas no âmbito de uma corrente magnética entre esses dois pólos. Os atores no palco, constituindo o pólo ativo desse circuito magnético, são responsáveis pela integridade d' propósito segundo o qual está sendo encenada a peça. Depende disto a qualidade da corrente estimulante entre palco e audiência. (P. 26)

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